Eu poderia me apresentar, como fazem os começam uma história, mas não é necessário. Você vai me conhecer bem depressa. Vou pedir que da pra frente, você, por favor, confie em mim. Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável, amiga, agradável, a... bom esses são só os "As" de minha vida. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo. Isso deixa você com medo? Não, não se preocupe, sou tudo menos injusta. Enfim, sou Fernanda.
Meu primeiro ano em uma escola nova, primeiro ano do ensino médio. Confesso que eu morria de medo em estudar com alguém que eu não conhecia, sinceramente eu não conhecia ninguém, mentira, conhecia um ou outro que estudava comigo no colégio antigo. Como eu digo pra mim mesma, nesse mundo ruim, sempre existe pessoas boas, ou não. Encontrei meu antigo amigo Mateus e desesperadamente pedi para me colocar na mesma sala que ele, e sim, o diretor aceitou o pedido.
Meses se passaram e eu ja estava completamente enturmada com a turma, menos com uma. Vitória era uma menina linda e loira, muito tímida, quase não nos falávamos. Eu me sentia meio inútil, na verdade eu também tinha um pouco de vergonha em chama-la para conversar, talvez ela não gostasse de mim. Não sei porque, mas eu sentia um grande carinho por ela.
É, o que está escrito ninguém pode mudar.
- Eu Vitória, faça o trabalho com agente, sente-se aqui. - disse Mateus. Eu olhei pra ele assustada, séria e com raiva. Porque ele tinha que chamar ela e não me avisar? Enfim, ela foi, se sentou com a gente, deixamos o trabalho de lado e posso lhe dizer que o papo rendeu. À partir daquele dia, uma grande amizade se iniciava e uma grande irmandade estava por vir.
No primeiro ano eu tinha aula de reforço três vezes na semana, e como eu estudava no período da manhã, meu reforço era a tarde. Na verdade eu odiava ter que trocar meu horário de lazer para ter que estudar o que eu estudava toda manhã, isso me cansava, não tinha nenhum motivo que me fizesse ir pra aula. Bom, foi aí que eu me enganei.
O intervalo do período da tarde era bem mais calmo que o da manhã, e por esse pequeno detalhe, os mais retartados se destacavam. Não vou dizer que foi amor a primeira vista, porque na minha opinião isso não existe, isso é só um pretesto que as pessoas encontram para tentar dar mais velocidade com a coisa. Aquele menino era espetacularmente lindo, maravilhoso, incrível, ele era tudo sem ser nada. Está bem, pode ter sido paixão a primeira vista, porque ninguém ama sem conhecer, sem saber as qualidades. Eu sabia que conhecia ele de longe, mas não me lembrava de onde.
- Monique, aquele é.. ? - eu apontava com a cabeça, super discreta, sem nenhum movimento que pudesse me constranger depois. Ah, e sobre Monique, era uma grande amiga minha do colégio antigo, era uma amizade forte e verdadeira, pelo menos da minha parte.
- Sim, aquele é Enzo, ele namora a Fabi, lembra? - ela disse sem nenhum interesse. Aquelas palavras me deixaram irritada, e eu não entendia.
Não, aquilo não podia me afetar, eu não o amava, não tinha o porque de querer saber mais dele. Eu não queria me envolver, não queria amar, não queria me machucar. Nunca entendi quando as pessoas diziam que o amor é lindo, como assim lindo? Talvez elas diziam isso porque de alguma forma, aquele amor era correspondido, que bom se fosse assim com todos.
Os dias passavam e a cada semana, a cada dia, a cada hora, a cada momento a vontade de vê-lo e de estar perto dele ficava maior. Eu não entendia, mas no fundo eu gostava. Queria achar algum motivo pra poder conversar, ao menos ser amiga dele. Nunca me esqueço do primeiro dia em que nos falamos, que a mão dele tocou na minha e que meu coração por um instante parou. Eu, Monique e Vitória, era intervalo da aula e eu estava com alguns materiais na mão. Distraída como sempre fui, esbarrei sem querer e um menino, não olhei pra ver quem era, não me importava, só o que eu queria era juntar os livros que aquele garoto ignorante tinha derrubado de meus braços. Agachei-me, concentradamente juntando os livros e sinto meu coração bater mais forte, mais uma vez não entendia porque.. Sim, era Enzo na minha frente! Eu não sabia o que fazer, minha mente não lembrava que eu tinha que levantar, que ao menos um 'oi' eu teria de dar. Levantei, minhas pernas tremiam, meu coração queria sair pela boca.
- Seus livros - com um sorriso irradiante, que iluminou meu dia, ele me entregou os livros.
- Obrigada - respondi, sem sorriso, com raiva de mim mesma por não ter o que falar.
Foi naquele exato momento que aconteceu o que eu não queria, eu o amava.
Continua[..]